quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Desabafo de um scater (com fotos de presente no fim!)

Mais uma vez, reproduzo o texto antigo de um internauta em um site de contos, indignado com o também extinto programa PODSEX, da MTV. As apresentadoras, à época, não quiseram comentar sobre coprofagia, prática reconhecidamente sexual. Elas, que tinham o dever de falar e informar, foram omissas. Leia o texto do nosso amigo abaixo. Assino embaixo e aplaudo. Clap, clap, clap. Um cheiro no cu de todos. Entrem em contato!

Skype: amocheirarmerda@hotmail.com

Sou adepto da coprofagia, porém,antes que me repudiem por conta de suas “sensibilidades” informo também que sou homem, do sexo masculino, homossexual, 46 anos, branco, cidadão brasileiro, antropólogo, professor universitário de graduação e pós-graduação em universidade pública, pai de duas jovens, poeta, articulista em periódicos científicos internacionais, consultor no Ministério da Cultura, proprietário de uma editora, pesquisador do CNPQ e ativista em questões de gênero, etnia e sexualidades.

Ao assistir, com uma das minhas filhas, na madrugada do domingo para segunda-feira, a reprise do programa PODSex na MTV me espanto ao ver, duas apresentadoras, supostamente apropriadas para discorrer sobre as nuances da sexualidade humana, serem taxativas a uma das práticas que consideraram impensáveis devido a sua “sensibilidade gástrica” e simplesmente se recusaram dela dar esclarecimentos, evidenciando assim o quão normalizadas estas duas jovens ditas “descoladas” são pelos padrões da héteronormatividade e do sexo com fins reprodutivos pregados pela moralidade cristã.

Alegar que não seria de bom tom dizer sobre esta prática justamente em programa em que o tema escolhido era fetiche sexual denota as balizas pelas quais a percepção de sexualidade desta emissora e suas representantes são guiadas e encerra em si mesma a suposta “abertura” tão necessária ao jovem, que comumente recorre a programas deste tipo para se apoiar em seus saberes sobre sua sexualidade, desejos e prazeres, condenados pelas normas reprodutivas da vida sexual enfaticamente cristã que ainda nos regula.

Ao não ser considerada como legítima de ser tratada por estas duas jovens, a coprofagia, foi estigmatizada como anormalidade de padrões sociais, mentais e humanos, podendo, até bem mais que a zoofilia, mostrada por outra prática que com ela se assimila, ser expurgada da prática sexual entre aqueles que sabem da esfera hedônica a que o sexo também deve incorporar.

Assim, ao rechaçar determinadas condutas sexuais em detrimento das que considerem mais leves e curiosas, o programa só acentua sua superficialidade e pseudo "descolamento", em que na verdade, as falas ali emitidas estão cunhadas pelo machismo e subserviência do corpo e mente femininas para o sexo omisso, frustrante e desumanizador, aquele ao qual se condiciona o corpo não para as sensações advindas da libertadora cumplicidade, mas sim da submissão às normas sociais que persistem entre quatro paredes.

É salutar que este, como demais programas com a mesma pretensão, sejam mais inclusivos nos seus discursos e que se atentem para a pluralidade verdadeira de possibilidades de efetivação humanas contidas em infinitas práticas sexuais e de comportamentos eróticos.

Como cidadão, professor, intelectual, pesquisador, escritor, pai, empresário e mobilizador social, minhas posições e convicções sociais me permitem formar minha identidade sexual do modo como bem me convém, sem por isso ser alijado dos bens e práticas de exercer e garantir a cidadania plena neste país.

Ser um apreciador da coprofagia, portanto, não me resume a ser alguém danoso à civilização, uma animal, e ao contrário das referidas apresentadoras, que passariam mal por ter jantado e não conseguirem falar sobre ingestão de fezes, minha sensibilidade humana tão apurada não me permitiu dormir esta noite por ver ato tão indigesto e nojento quanto a postura destas duas lindas, mas comuns jovens numa função de formação de opiniões da juventude totalmente despreparadas para tal.

Cordialmente, I.S.M.