segunda-feira, 16 de junho de 2014

Entenda o SCAT pela ótica do Marquês de Sade

O amigo Bosco Silva desenvolveu um texto que explica a paixão por SCAT sob a ótica de Marquês de Sade. O texto, intitulado "Qual sua perversão?", pode ser encontrado, na íntegra, neste link: http://infernodesade.blogspot.com.br/search?q=Qual+sua+perversão

Tomei a liberdade de reproduzir um trecho aqui, por entender que seu viés bastante interessante representa muito do que penso e sinto no SCAT. Confiram.


SEXO ANAL
Antes de nos debruçarmos sobre as particularidades da COPROFILIA, é de suma importância examinarmos uma prática sexual que, embora não considerada PARAFILIA, possuía uma grande importância para o nobre escritor francês: o SEXO ANAL.

SADE o praticava não apenas de forma ativa como passiva; e não apenas com homens, mas também com mulheres. Em Marselha, por exemplo, SADE é denunciado por três prostitutas por tê-las forçado a açoitá-lo; e depois ter praticado, em cada uma, sexo anal, enquanto ao mesmo tempo recebia em seu ânus o pênis de seu criado.


A preferência de SADE pelo sexo anal pode não apenas ser explicado por esta modalidade sexual unir tanto sadismo quanto masoquismo em uma mesma atividade sexual, quanto à certa dose de blasfêmia atribuída a ela. O que fez desta atividade o ápice de sua sexualidade, pois como bem observou Simone de Beauvoir, podemos dizer que toda a sexualidade de SADE é de teor anal; contendo, pois:

SADISMO - posto que o sexo anal provocaria dor no parceiro; seria a invasão mais completa da sexualidade de um pessoa sobre a outra; seria o máximo da intimidade sexual e da conquista;

MASOQUISMO - o sexo anal permitiria a subjugação do parceiro ou da parceira, até mesmo simbolicamente, por meio de algumas posições sexuais, representando a dominação de um sobre o outro; simbolizando a atividade de um sobre a total passividade do outro;

TRANSGRESSÃO – o sexo anal quebraria valores, principalmente valores cristãos, como a ideia de que o sexo seria permitido apenas para fins de procriação, e a ideia de que este seria antinatural.


 SADE, por meio da transgressão, transforma mesmo a blasfêmia em prazer, misturando-a ao prazer sexual; por exemplo, durante relações sexuais suas, obrigava que suas parceiras desrespeitassem símbolos cristãos.

Vale notar que, em sua época, o sexo anal, mesmo praticado de modo heterossexual, era considerado crime de sodomia, passível de detenção e mesmo de morte, tendo tal lei bases cristãs. O que certamente incluiria um atrativo a mais para SADE: o perigo. Elemento com forte poder de estimulação, pois como é sabido, ainda hoje: “O que é proibido é sempre mais procurado”.


 Tais elementos reunidos, pelo menos em parte, seriam a própria essência do desejo pelo sexo anal, como podemos ver ainda hoje em relatos de casais, em que o parceiro pretende iniciar sua parceira em tal atividade. Para muitos destes, o sexo anal é o máximo da conquista sexual, principalmente quando tal possibilidade é tantas vezes negada pela parceira, não raro com argumentos que incluem desde que tal ato causa dor, é nojento, até a afirmação de que é contra a natureza.

Negativas que só fazem aguçar ainda mais o desejo do parceiro. Principalmente em uma cultura como a nossa que privilegia como modelo de beleza mulheres possuidoras de fartas e belas bundas, chegando mesmo tal atributo tornar-se um meio de alcançar sucesso profissional ou econômico, como podemos observar acompanhando carreiras de dançarinas, ou mesmo na vida cotidiana, em que grande parte dos homens bem sucedidos aparecerem nos meios de comunicação ostentando mulheres com “belos traseiros”, tornando as nádegas femininas status social.


 TRANSGRESSÃO E PARAFILIA
Ao atribuir, revolucionariamente, à transgressão papel coadjuvante ao prazer sexual, e ao explorar ao extremo os prazeres do corpo, a transgressão terá papel fundamental no pensamento de SADE, como também em seus escritos.

Tornando-se mesmo em muitas descrições de sexo extremo, em sua literatura, o elemento fundamental, o que parece refletir bem a realidade, já que muitos desejos sexuais extremos, praticados na realidade, possuem a transgressão e o proibido como elementos fundamentais, como o sujeito que necessita da sensação do proibido, envolvendo a não permissão do outro, para excitar-se, como no caso de alguns exibicionistas que exibem seus órgãos sexuais para pessoas desavisadas, nas esquinas, em frente de escolas; em geral para pessoas estranhas ao seu convívio.


 A surpresa e a não permissão, que estão por trás de seu ato proibido, são os elementos que o excitam. Fato que não aconteceria se fosse visto por ele, ou por outras pessoas, como algo natural e permitido. A transgressão é o princípio deflagrador e excitador de tal ato.

Originando também atos modernos como comportamentos sexuais autodestrutíveis, como os praticados pelo movimento de homossexuais masculino denominado de BAREBACK, em que o prazer sexual está em transgredir normas de saúde, possibilitando assim a transmissão e a infecção pelo vírus da AIDS, por meio do relacionamento com indivíduos desconhecidos, principalmente com indivíduos já infectados pelo vírus da AIDS, sem uso de preservativo.


 COPROFILIA E SCAT
  
COPROFILIA é a atração sexual por fezes humanas; que pode ser acompanhada, muitas vezes, por COPROFAGIA; que, por sua vez, significa o prazer sexual em ingerir fezes.

Como em todas as formas de extremismos, em que uma atitude extrema é alcançada gradativamente por meio de graus menores de extremismos, o sexo anal e a anilíngua (manipulação anal por meio da língua) poderiam ser mesmo vistos como um caminho que levaria do SADISMO e MASOQUISMO à COPROFILIA, já que este tenderia a proporcionar contato com fezes humanas.


Seguindo esta linha de raciocínio, a COPROFILIA seria a culminância de um processo de associações graduais, em que, em princípio, o futuro coprófilo sentiria atração normal por nádegas, e, gradualmente, estenderia seu desejo ao ânus; em seguida, movido por meio de associações e TRANSGRESSÕES graduais, teria sua atração voltada para a defecação do ser desejado; culminando, finalmente, no prazer de manusear, cheirar, ou até mesmo ingerir fezes humanas.

Há que se levar em conta também outros elementos, como o FETICHE; uma atividade profundamente simbólica, relatada mesmo por muitos praticantes de tais atividades; em que as fezes humanas ganhariam uma proporção gigantesca de simbolismos e metáforas em relação ao ser desejado.


 E em que o contato com as fezes seria visto como “uma oferta de profundidade do interior de um desejável corpo, tornando-o muito, muito íntimo”. Seria como um canibalismo simbólico, em que o contato com as fezes, a ingestão desta, seria como a absorção simbólica do objeto do desejo em seu grau máximo de intimidade.

Há também, sem dúvida, um ato de desafio, de proibido, em tal atividade que a muitos, em si, representaria um estímulo a mais. Para alguns masoquistas o ato significaria submissão e auto degradação simbólica ao ser amado. Por isso, tal prática novamente teria um grande valor em comportamentos religiosos.


Aqui, novamente, o que para muitos seria considerado repulsivo, tornar-se-ia um ato santo quando visto pelos olhos da fé cristã, ou não seria melhor dizer: quando visto pelo MASOQUISMO CRISTÃO? Como podemos ver em alguns casos:

Santa Marguerite-Marie Alacoque (1647-90), transformava vômitos de doentes em seu alimento; mais tarde ao ingerir fezes de uma doente, declarou que tal ato suscitava nela visões, em que esta aparecia atrelada com a boca nas chagas de Cristo.


O profeta Ezequiel, foi ordenado por Deus a comer fezes humanas: “E o que comeres será como bolos de cevada, e cozê-los-ás sobre o esterco que sai do homem, diante dos olhos deles.” Ezequiel 4:12. No entanto, este ao protestar, Deus muda de ideia, porém sem mudar de método: “Vê, dei-te esterco de vacas, em lugar de esterco de homem; e sobre ele prepararás o teu pão.” Ezequiel 4:15.

Dentro de um rígido sistema moral, a transgressão passa a tornar-se um elemento fundamental, pois mesmo que a única lei que vigorasse na natureza fosse a lei da força bruta, tal lei não seria causa de perversões sexuais, já que a transgressão, como elemento principal, deflagrador da perversão, não existiria, pois para que houvesse tal elemento, seria preciso que o sujeito transgredisse leis morais.


 O que só pode existir em sociedades com definido e rígido sistema moral. Aí está a grande sacada de SADE: as perversões são frutos da sociedade. De uma sociedade que ao proibir o que é natural no homem, como o desejo sexual, acaba, enfim, por intensificá-lo. Pois, bem sabemos que tudo que é proibido é mais procurado.

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